Visitante nº

sábado, 18 de abril de 2009

SAUDADE DANADA


Há momentos na nossa vida que bate na nossa porta d'alma uma saudade dos tempos que já se foram e retornam por intermédio da lembrança . E é neste instante que os versos são necessários e vem aquela inspiração divina. É como se fosse uma incorporação, é preciso fazer o poema, porque depois a inspiração evapora e vai embora como uma nuvem no céu. E aí o poeta escreve e escrevi:

SAUDADE DANADA
Ao professor e historiador Claudefranklin da UFS


Vou me embora pro meu lugar
Canto em que nasci.
Ouvirei do pardal o piar
Na terra em que nasci.

No fim de tarde, o balançar
Das folhas das palmeiras imperiais
Ficarei a contemplar
O sino da Igreja batendo mais, mais e mais.

Quero ver a chegada de Santinha
Beata virgem, ó Maria!
O desejo que ela sempre tinha
O amor foi embora pra Bahia.

Saudade é coisa danada
Sempre adentra, sem esperar, no peito
Dá n'alma uma flechada
E deixa o cabra sem jeito.

Ainda bem que não é defeito
Gostar da retada saudade
Tristeza é estar só no leito
Sem prazer de felicidade.

Mas a vida é assim
Tem sempre o descaminho
Nem tudo é jardim
É necessário o espinho.

Vou me embora pra Simão Dias
Comer maniçoba em Gordinho
Nas madrugadas, quero ouvir a melodia
Dos amados passarinhos.

Quero ver Marina, amor de infância,
Nada à toa, ouvir a banda passar
Caminhar na vida mansa
E dizer aqui é meu lugar.

Vou me embora pro meu lugar
Aos domingos, missa na Matriz
O movimento de gente pra lá e pra cá
Curti a vida calma e feliz.

Direi adeus a cidade maior
Abraçarei o lugar do meu nascer
Cidade do mais belo pôr-do-sol
Viverei em Simão Dias até o meu morrer.