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quinta-feira, 2 de abril de 2009

A PUTA DOS ESTUDANTES




Quando Bisqui chegou ao Cabaré Bico da Asa , tinha 17 anos. Dizia sempre ter 19 anos. Na certidão de nascimento a idade acusava a menoridade. Quando os homens de farda exigiam o documento de comprovação, a pequena rapariga falava que perdeu a identidade. A rameira foi treinada por uma puta velha, chamada Maria. O argumento colou bem só visgo de jaca. A minúscula Bisqui nasceu em Lagarto, terra dos papa-jacas.
Foi guia de cega. Roubava a cega sua avó. Com o dinheiro da subtração comprava uns vestidinhos, umas blusinhas na feira de Lagarto. Justificava que assim fazia por uma grande causa. A velha Severa, pelo nome já diz, era unha de fome, mão de figa. Não via a luz do dia, conhecer dinheiro era com ela mesmo, seja de papel ou de prata.
E a velha morreu. Estava Bisqui no olho do mundo, sem eira, sem beira. órfã de pai e de mãe. Foi trabalhar de doméstica. E na casa de Seu Zé na praça da Piedade , a menina perdeu o cabaço com o seu patrão. Prazer nem sentiu, dor, que dor desgraçada. O Zé era pior do que um jegue. Não ofertou nenhuma carícia. Pegou o seu parafuso e empurrou na tábua. Gritar até que gritou. Socorro só se fosse do papagaio Lázaro, o bicho ao ouvir os gritos, gritava também de felicidade com a desgraça alheia. O grito sem malícia do pobre animal. Gente que é uma perdição.
Não demorou muito. Um mês depois, o homem botou Bisqui no olho da rua, se é que rua tem olho. Estava à toa na vida. Sem ninguém, sem amigo, sem parente. E conversando com uma puta velha, ela a aconselhou ir buscar socorro no Cabaré Bico da Asa. Nos primeiros dias, a putinha ficava acanhada, com o tempo, veio o traqueijo, surgiu a adaptação.
Prazer ela sempre fingia. Mas no dia que deu ao estudante Pedrinho do Internato do Industrial, aí ela soube como o sexo é bom...
A pequena Bisqui tinha uma tara arretada por estudantes. Feio, bonito, magro, gordo, foi estudante era com ela mesmo. Se o coitado não tivesse o dinheiro, ela era caridosa, fazia o vaivém zero oitocentos. E o nome de Bisqui correu fama. Muitos estudantes do Internato do Industrial, a rapariga Bisqui quebrou os cabrestos. Foi uma salvadora dos meninos do Internato que já tinham as mãos grossas do toque de si mesmo.
Bisqui poderia até receber o título de cidadã da cidade, inexistiria absurdo. Afinal, foi grande utilidade pública no tempo da repressão sexual, comeu tem que casar. Senão vai para a cadeia.
Ser puta do passado não era fácil, vida boa leva hoje a garota de programa: possui seu carro, faz faculdade. É estudante universitária. No corpo bronzeado, o perfume francês.

É conversa de vovó a dama da noite. O mundo hodierno possui o novo termo acompanhante de executivo. É raridade uma garota de programa feia. Nenhuma discriminação com a feiúra. A nova garota de programa saber usar bem a língua, é bilingue.


O deputado federal Clodovil morreu. Ele se vivo bem poderia levantar esta bandeira:


A REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO GAROTA DE PROGRAMA.

SÊ BESTA, LAGUE ESTE FALSO MORALISMO - ATIRE A PRIMEIRA PEDRA, QUEM NÃO GOSTA DE PRAZER.