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terça-feira, 17 de março de 2009

O AVÔ DO GOVERNADOR ERA CARA FECHADA




Éramos meninos de calças curtas e furadas também, algumas rasgadas, mas éramos felizes. E lá no Beco do Açougue, talho da carne inaugurado no ano de 1934 pelo interventor municipal José de Carvalho Déda, indicado pelo interventor de Sergipe Augusto Maynard, que jogávamos a nossa bola de futebol, às vezes de borracha, às vezes feitas de papel com uma meia preta. O chulé é outro assunto. E Seu ZECA DÉDA, avô do governador de Sergipe Marcelo Déda tinha um escritório de advocacia , onde também funcionava o Jornal A SEMANA em frente ao Beco na rua Joviniano de Carvalho, atualmente calçadão. Na parede da sala, tinha a caricatura do velho Zeca , fumando ou charuto ou cigarro. Mas o que não saia da memória do menino filho do vizinho, o bodegueiro Pedro Mendes, era a cara fechada , do homem sisudo que não dizia nada, quando a bola caía dentro do escritório. O olhar do homem era que falava, enunciava a reprovação. Quase sempre todas as tardes a bola chegava ao escritório. Lá estava o Seu Zeca mergulhado em seu silêncio às vezes lendo um livro, outras, escrevendo não sei o quê. Menino não tem que saber de nada, só brincar, pular, saltar e sorrir.

Quando vejo o governador Marcelo Déda de cara fechada, claro na televisão, nos jornais, lembro da lição antiga do meu velho pai: QUEM HERDA NÃO FURTA.