Visitante nº

domingo, 13 de dezembro de 2009

TALHO DA CARNE

TALHADO DA CARNE na antiga rua Joviniano de Carvalho - Simão Dias-SE


Quando os homens do poder resolveram derrubar o antigo Talho da Carne, em Simão Dias, um prédio construído por José de Carvalho Déda, Seu Zeca Déda, que fora interventor municipal lá em 1934. Cada tijolo derrubado assassinava os meninos da minha infância, todos eles hoje homens feitos: uns pais, outros já avôs. Naquele tempo, o interventor estadual era Augusto Maynard.
O interventor da cidade era avô do governador de Sergipe, Marcelo Déda Chagas. Ali em frente ao mercado da carne , havia o Jornal a Semana de Seu Zeca Déda, vizinho ao escritório do avô de Déda , a bodega de meu pai.
Na infância, 1967, os meninos de nossa rua, o nosso campo era o Beco do Açougue. Coitada de dona Maria de João Fontes, o seu telhado era quebrado. Quando a velha cismava, rasgava a bola, não a entregava. Dona Maria tinha um coração bom. Depois vinha o arrependimento.
O velho Zeca com o seu charuto fedorento. Na parede, um retrato do homem fumando , talvez ali estava a sua caricatura. Quando a bola entrava ali, o homem nada falava.
Pior, de tudo na vida é o silêncio.
Ficava uma disputa danada para ver quem ia buscar a bola. A disputa era muitas vezes no palitinho. A gente tinha receio de uma bronca do homem que nada dizia.
Os homens do poder construíram um Banco no lugar do Talho da Carne. Bem poderiam manter a construção antiga, o BANCO não se preocupou com a Memória e a História de um povo.
E a história ficou na banca de carne qual boi morto, fora devorada pela ganância do dinheiro.
Em nome do novo, destruíram a memória de uma gente.