Visitante nº

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O CÉU É DO URUBU


Brincando de fazer versos. O poeta Castro Alves dizia, em seus versos: "... Que a praça é do povo como o céu é de condor." No Nordeste brasileiro nós não conhecemos o condor, entretanto, o rei da Limpeza sim, o nosso urubu. Dele se tem desdém, mas o pássaro faz um bem . Segue um poema:


O céu é do Urubu;
A praça, da Igreja;
A lagoa, do sapo cururu;
Festa, mulher e cerveja.
Não se tornar um infeliz!
Matutar o que se diz...
Boca amarelada bem travada
É Bom vinho, suave mesa.
Vê lá tanta ternura:
Doce riso da criança feliz!
Morrerá escravo do ter
A mão figa da usura.
Coisa que toca a gente
E, às vezes, uma tristeza danada,
Em terra de vaqueiro,
Ouvir cantar o poeta em versos de candura:
"Gado e curral."
Vê gente apanhando de chicote
O povo berrando
Tal qual mamote
Até quando?
O rio vai levando a sujeira
Do lixo às margens.
Bandido ou herói;
Herói ou bandido
Somos os personagens.
Planta, criança e animal
São seres da altura.
O galo madrugador, tão pontual,
Britânico, senhor do horário.
A nessidade é abrangente,
A planta carece do orvalho,
A dor maior da gente
É o filho da perfídia
Fazer-nos de otário.
A gente tem que rir sem contente,
A fera está ao lado da gente,
Viver o ambiente
A fera engole a gente.
Dá flor a quem é de primavera;
Dá brasa a quem é de tridente.
Não fiques triste!
Prepara-te,
É da gente humana,
A decepção te espera.