A notícia já vem com lágrima e sangue. Liga-se o rádio, a televisão, o que se observa é a tragédia:
"Criança de dois anos morre em incêndio."
"Na China, um homem com uma faca fere 18 crianças no jardim de infância."
No fim-de-semana, vários corpos estendidos no IML (Instituto de Medicina Legal).
Os grandes jornais possuem a seção de obituário.
A gente lê nos jornais: "Homem é estuprado por dois bandidos." Homem não pode ser estuprado, só a mulher, afinal, o estupro é pênis introduzido na vagina. O homem pode sofrer Atentado violento ao pudor. O jornalista, em sua defesa, poderá dizer:
"Conhecer Direito é coisa de juiz, promotor, defensor público e advogado." Vem logo aquele dito jurídico: "Ninguém deve alegar em sua defesa o desconhecimento da Lei."
Para equilibriar as más notícias, a televisão e o rádio estão repletos de programas religiosos: "Cristo Salva."
"Deus é amor."
"Jesus cura."
A tevê educativa é de pouca audiência. O ser humano adora a tragédia.