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sexta-feira, 16 de abril de 2010

A CIDADE CHAMADA ROTINA

Chaminé

Numa cidade chamada Rotina, a vida corre devaga no dia-a-dia, mas para que pressa de chegar, afinal, tudo tem seu tempo. A morte não perdoa, indesejável, sempre vem fazer visita, não faz distinção, leva ricos e pobres. E aquele cabra vaidoso pensou que ia ficar para semente. Na hora que o sujeito tomava seu bom uísque, dona morte disse:

- Chegou a sua vez!

Em Rotina, a chaminé da padaria expele fumaça. Cadê as verdes matas da minha terra, que cantava o poeta? Em nome do progresso , assassinam a natureza, poluem os rios e aí, é a desgraça do próprio homem!

A notícia em Rotina já não chega no lombo de um jegue, vem no rádio, na televisão , na internet.

Mais um suicídio no Japão. A notícia chegou quentinha, o fato aconteceu há dois minutos, o correspondente verde-amarelo anunciou na televisão do homem do poder.

Dona Maria, cala-te, quem atira pedra uma pode retornar, diz o dito popular. Dona Maria de Fofó falando da filha da vizinha:

- Bichinha safada a Doralice deu pro cabo de polícia e está esperando filho.

Se soubesse que Amália, sua filha santinha, que aos domingos comunga na Igreja de Santa Madalena, também está grávida. Não pergunte quem é o pai , você deseja saber demais...

Com o tempo, dona Maria saberá, barriga cresce e filho aparece. Depois dos quarenta anos, o homem com aquela barriguinha. Barriga de moringa, de cerveja, de sedentário.

Morreu em Rotina Zé Preá. O apelido no interior vira nome. Mané Coelho, Pato, Galo, Sapo, Urubu.

É falta de respeito, o apelido de Zefa Cachorra. A mulher fica arretada, apimentada. Você já observou que mulher brigando, vem logo o xingamento de cachorra. Em briga de mulher, o homem não deve se meter, senão apanha...

Este ano, é de eleição, em Rotina já chegou o deputado Aperta as Mãos.

Em Rotina, tudo é 1 mais 1 que chegam a dois.