Visitante nº

sexta-feira, 5 de junho de 2009

MAIOR SEGREDO

Ao poeta, músico e professor Udilson Soares.

A casa, em que nasci,
Já não existe mais.
O Banco Verde da usura
Na nova pedra funcionou.
Dias e dias, Simão Dias,
Na Joviniano de Carvalho cresci.
Comendo pão com manteiga,
Apodrecendo os dentes com balas de mel.
No dia de sábado, feira e alegria,
Chegavam os homens de chapéu
Na venda de meu pai.
O boteco era o céu,
O bêbado bebia cachaça.
Na choradeira, aumente mais e mais.
Depois um ébrio na rua,
Pisando no clarão da lua,
No cai, mas não cai...
E tudo vai e vem...
A cada instante o momento fica atrás.
Viver agora!
Senão um ébrio vai, cai e não cai...
Vê lá o segundo foge da hora.
A vida entre nós é fugaz!
Uma mãe ainda chora,
Um filho viajou
No voo do nunca mais.
A casa da minha vida
Já não existe mais.
Meu Deus, cadê os homens de chapéu?
Cadê dona Maria do Mel?
Talvez esteja no céu!
Conversando com meu pai.
E o ébrio da branquinha?
Quem sabe!? Brigando com o porteiro do céu:
"São Pedro, bote mais uma caninha."
Há sempre um grande segredo:
Viajar cedo ou tarde!
A vida da gente é tão fininha,
Haverá sempre um grito de alarde,
A qualquer momento,
A agulha separa da linha,
É agora, final do tempo!

Escrito por Oswald Abreu no dia 5 de junho de 2009.