Visitante nº

domingo, 24 de janeiro de 2010

SAUDADE DO BRASIL



ARACAJU, CAPITAL DE SERGIPE - NORDESTE BRASILEIRO - PRAIA DE ATALAIA, NOITE

Ninguém pode fugir duma saudade, duma lembrança.O romantismo fez grande sucesso no século XIX. A nossa música dos anos 40 a 50 era bem romântica, dotada de dor, de paixáo, de nostalgia, saudade. Podemos lembrar de Dolores Duran, Marlene. O romantismo continuou nos anos 70 por intermédio dos imortais Nélson Gonçalves e Altemar Dutra.
A saudade faz chorar. A nossa gente brasileira, que se encontra no estrangeiro, sofre com a dor de recordar.
Podemos bem avaliar por este período curto que estamos aqui em Buenos Aires. O bonito aqui é incomparável com a nossa gente simples, nossas praias, nossa terra, nosso céu, nossas estrelas. Que saudade dos filhos, pais, manos, amigos. A vontade é de voltar correndo. Assim é o desejo da gente que está fora de seu recanto, de seu lugar. Só a necessidade faz permanecer.

E para que ninguém possa dizer que eu náo (Este computador argentino náo possui o tio de náo) falei de poesia. Dois poemas belos e dotados de romantismo e beleza, o primeiro táo (De novo a falta do tio) conhecido nas nossas escolas: CANÇAO DO EXÍLIO do poeta Gonçalves Dias que fora elaborado em 1843 em Coimbra-Portugal, quando o poeta estudava DIREITO.O segundo escrito pelo poeta Cacimiro de Abreu que também morou na Europa. Cacimiro de Abreu faleceu aos 21 anos em 1860.



Canção do exílio

"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;

(...)











MEUS OITO ANOS




Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus
— Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
................................
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!

SAUDADE DO BRASIL