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sábado, 30 de janeiro de 2010

CADÊ CÊ, VOCÊ

Estou em Buenos Aires em pleno exílio, querendo volta para o Brasil,lamentavelmente, não consigo. Com a alma na terra natal - Sergipe - e o corpo na Argentina. A moça da CVC ficou de ligar para mim, o alô não veio, talvez, se perdeu no caminho, deu um problema na Embratel, quem sabe estar muito cansada? Tudo é possível. Do meu quarto escutei gritos, torcedores argentinos festejando mais uma vitória de seu time local. Uma criança chorava e gritava muito. O quarto é conjugado. A moça da CVC não me avisou. É até compreensível, é preciso vender, há cota, imagino. À noite anterior, tive que ficar ouvindo os gritos de uma mulher em seu prazer. Pensei que era um assassinato. Depois veio:
"AI, AI, AMOR!" O casal parecia de cágado, fazendo amor era aquele barulho. Amor animal ou amor revelação? Confesso que fiquei em dúvida em classificá-lo. A voz era de mulher brasileira com sotaque de baiana. É um drama: você na solidão e noutro lado, os beijos e abraços, dá uma inveja danada. Matutei: deve ser um casal brasileiro em plena lua-de-mel, aproveitando a valorização do real, cada real vale dois pesos. Ninguém deve atrabalhar ninguém na hora do amor. Apesar da perturbação em meu sono, não disquei para portaria. Liguei a televisão naquela altura, varri a madrugada assistindo tevê. Na noite dos torcedores argentinos sob berros, toquei nas teclas para portaria, o problema foi resolvido.Nada contra los hermanos, tolerar os gritos de torcedores que não são do nosso time, é um café amargo. Naquela noite de choro e grito de uma criança, foi tolerável e perdoável, só sabe o que é isso quem é pai.

De repente, o telefone tocou, deve ser a moça da CVC:
"POR FAVOR, SENHOR, É UM ENGANO." Deu vontade de mandar...

Será que a moça da CVC está doente depois do PRÉ-CAJU? Que pena que eu não pude estar presente este ano.

Se você encontrar com a moça da CVC em Aracaju, diga que estou com saudade da minha terra: de Aracaju-SE, da praia de Atalaia, da Barra dos Coqueiros, de minha Simão Dias, de meus familiares, de meu filho Marcos Vítor. Talvez, ela seja mãe! Caso não seja é mulher, o sentimento é maior.
Diga a ela, que por favor, não chore, tudo passa...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

BUENOS NORDESTE, BUENOS SERGIPE



PONTE ARACAJU-SE A BARRA DOS COQUEIROS

Neste pequeno período que me encontro em Buenos Aires, fico a pensar no poema Canção do Exílio, o poeta Gonçalves Dias diz: "Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá, as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá." O poema foi elaborado em 1843, quando Gonçalves Dias estava estudando Direito na Universidade de Coimbra em Portugal. Fico observando o povo argentino, os belos prédios, os restaurantes, os bons hotéis, o porto, o tango , tudo é encantadador, mas nada incomparável com as nossas praias, a gente feliz, o nosso forró, o nosso povo simples, a boa conversa.
Lá no Nordeste, o homem aperta a mão do outro, cumprimentando-o, aqui o costume, não é outra coisa não, rapaz, o macho beija o amigo no rosto.
Se meu avô fosse vivo diria:

"ISSO É O FIM DO MUNDO, FALTA DE VERGONHA."

Cada povo com o seu costume, esta moda no Nordeste brasileiro não funciona.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

INSTANTES PARA A VIDA

O escrito que Jorge Luis Borges, um dos maiores escritores argentinos, deixou como exemplo é bem interessante. Fora dito por um velhinho de 85 anos, que viveu a vida repleta de formalidades. Nos últimos dias, para a surpresa de muitos, Jorge Luis disse que instantes ñao foi ele quem escreveu.

E lembrando o Filme o Carteiro e o Poeta, quando o carteiro disse a Neruda que a poesia ñao é de quem a faz, mas de quem precisa.

Instantes vale sempre para a vida inteira, vejamos:





INSTANTES


Se eu pudesse viver novamente a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser perfeito; relaxaria mais.
Seria mais tolo do que tenho sido; na verdade,
bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico.
Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvetes e menos lentilhas,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente
cada minuto de sua vida; claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabes, disso é feita a vida, só de momentos,
não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro,
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas;
se eu voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço
no começo da primavera, e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres
e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vida pela frente.
Mas vejam, tenho 85 anos
e sei que estou morrendo...


JORGE LUIZ BORGES , 1986, SUÍÇA.

domingo, 24 de janeiro de 2010

SAUDADE DO BRASIL



ARACAJU, CAPITAL DE SERGIPE - NORDESTE BRASILEIRO - PRAIA DE ATALAIA, NOITE

Ninguém pode fugir duma saudade, duma lembrança.O romantismo fez grande sucesso no século XIX. A nossa música dos anos 40 a 50 era bem romântica, dotada de dor, de paixáo, de nostalgia, saudade. Podemos lembrar de Dolores Duran, Marlene. O romantismo continuou nos anos 70 por intermédio dos imortais Nélson Gonçalves e Altemar Dutra.
A saudade faz chorar. A nossa gente brasileira, que se encontra no estrangeiro, sofre com a dor de recordar.
Podemos bem avaliar por este período curto que estamos aqui em Buenos Aires. O bonito aqui é incomparável com a nossa gente simples, nossas praias, nossa terra, nosso céu, nossas estrelas. Que saudade dos filhos, pais, manos, amigos. A vontade é de voltar correndo. Assim é o desejo da gente que está fora de seu recanto, de seu lugar. Só a necessidade faz permanecer.

E para que ninguém possa dizer que eu náo (Este computador argentino náo possui o tio de náo) falei de poesia. Dois poemas belos e dotados de romantismo e beleza, o primeiro táo (De novo a falta do tio) conhecido nas nossas escolas: CANÇAO DO EXÍLIO do poeta Gonçalves Dias que fora elaborado em 1843 em Coimbra-Portugal, quando o poeta estudava DIREITO.O segundo escrito pelo poeta Cacimiro de Abreu que também morou na Europa. Cacimiro de Abreu faleceu aos 21 anos em 1860.



Canção do exílio

"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;

(...)











MEUS OITO ANOS




Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus
— Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
................................
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!

SAUDADE DO BRASIL

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

SANTA EVITA

EVITA PERÓN


Estamos mais uma vez, viajando a Buenos Aires. As aulas do curso de doutorado começaram hoje. Vou chegar atrasado. Coisa que eu não gostaria, mas viajar para a Argentina está mais barato do que viajar em terras brasileiras. Na agência, que eu comprei as passagens, havia uma grande fila de passageiros à Terra de Evita Perón. Evita morre cedo. Mulher do presidente Domingo Perón. Amada, idolatrada e polêmica. Quando Eva morreu em 1952, o povo Argentino chorou e ainda chora com o NÃO CHORE POR MIM ARGENTINA. Fui lá no Senhor Tango e o espetáculo termina com o NÃO CHORE... Até o sujeito machão chora. Estou lendo o livro Santa Evita de Tomás Eloy Martinez. Um dos maiores escritores do mundo, Gabriel Garcia Márquez disse do livro:

"ENFIM, O ROMANCE QUE EU SEMPRE QUIS LER."


Daqui a poucos instantes, estou viajando a Buenos Aires. E chega a lembrança do cantor cearense BELCHIOR:


"FOI COM MEDO DE AVIÃO, QUE EU SEGUREI PELA PRIMEIRA VEZ EM SUA MÃO." Ao meu lado uma velhinha aparentando 80 anos. Uma tosse daquelas...

Ninguém escolhe a companhia em avião. Na vida, a gente escolhe e muitas e muitas vezes não dá certo. O erro e o acerto são ingredientes do viver.

domingo, 17 de janeiro de 2010

POBRES PUTAS

Pintura de Tintoretto - artista italiano. Que se notabilizou pelas grandes pinturas nas Igrejas.


Por muito tempo advoguei no interior. Fui advogado das meninas do Cabaré do Bico-da-Asa e também da Maré Mansa na cidade de Simão Dias- SE. A liberdade sexual fechou o cabaré. Nunca recebi um calote duma dama-da-noite, as meninas de vida difícil, ainda diziam que as mulheres eram de vida fácil. Tolerar um bêbado, fazer sem amor, beijar na boca de escarro, as tarefas são árduas.

Uma prostítuta do interior do passado difere muito da garota de programa dos tempos hodiernos. A coitada era botada no olho-da-rua pelo pai , onde via a virgindade como honra. Hoje, numa escola, perguntar a uma adolescente se ela é boca-virgem é uma ofensa. O tabu sexual foi jogado na lata do lixo. A liberdade sexual é a bandeira.

A Bruna surfistinha, uma ex-garota de Programa , é uma moça inteligente, escreve com ousadia. O DOCE VENENO DO ESCORPIÃO é um livro que faz sucesso.


Um bom livro é Rua de Siriri do escritor Amando Fontes que retrata o cabaré de Aracaju.

As putas de outrora, o caminho era a desgraça.


A menina de programa, de agora, fala inglês, japonês, espanhol. Quando não faz faculdade, já concluiu.

E a Santinha? Coitadinha! Vai ficar pra titia.


É o sinal dos tempos, Apocalipse? Não. É safadeza mesmo.

sábado, 16 de janeiro de 2010

ADEUS, A CRÍTICA

BOTTICELLI - VÊNUS


Até hoje nunca ouvi o sujeito elogiar tanto. O Pascoal é assim mesmo. Falar mal de alguém, não é coisa para o Pascoal. Vê virtude até no meliante, bandido mesmo. Se a auto-estima de alguém estiver no fundo do poço, Pascoal sabe melhorar. Escreveu Pascoal um livro de auto-ajuda: EXPERIMENTE MUDAR.


O cabra é lá das bandas do Ceará. De início, eu até pensei que o Pascoal era mais um Coxinha da Vida, na presença o elogio, não ausência a detonação. Confesso que errei.

Outro dia, o Pascoal me disse:

-Abreu (É assim que ele me chama) defeitos todos nós temos. Mas é preciso ver a virtude de cada um de nós.

Nada eu disse. E fiquei para reflexão.

No dia a dia, amores e paixões de outrora são desfeitos. O que era doce Mariazinha, tornou-se fel. Lembrando Vinicius de Moraes : "MEU AMOR, QUE OS OLHOS TEUS SÃO CAIS DOURADOS DANDO ADEUS." Dando outra conotação aos versos do poeta e com ironia: MEU DESAMOR, QUE OS OLHOS TEUS SÃO CÃES RAIVOSOS, QUERENDO COMER OS MEUS.

A CRÍTICA é um samba brasileiro, que fez grande sucesso na voz do baiano CYRO AGUIAR, vejamos:

Veja como a vida passa
E a solidão aumenta
E você só pensa em criticar
Acha defeito em tudo
Até me deixa mudo
Sem saber sorrir
Só fala pra ferir
Não vê que a vida passa
E a solidão aumenta
No seu coração

Veja como você fica
Quando você olha
E depressa girta sem pensa
E fala mal daqui
Fala mal dali
Vive a resmungar a se lamentar
Só se realiza
Quando abre a boca para reclamar

Vou me embora daqui
Vou procurar outro lugar
Não aguento viver
Com quem só pensa em criticar
Deixe o tempo passar
E vamos ver
Quem tinha mais razão
Você aprender
Como viver na solidão

O samba bem retrata um homem ou uma mulher deixando a casa do convívio. A crítica tornou-se intolerável.

O samba Crítica é a vida COMO ELA É, que bem recorda o nosso saudoso Nélson Rodrigues.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

TRISTE FIM DA BIBLIOTECA DO EVANDO SANTOS

EVANDO SANTOS - HOMEM-LIVRO

O pedreiro Evando Santos, sergipano de Aquidabã, é um exemplo para o mundo. Saiu de Sergipe e no Rio de Janeiro no bairro da Vila da Penha, criou a Biblioteca TOBIAS BARRETO DE MENEZES. Hoje a Biblioteca consta com mais de 55.000 (Cinquenta e cinco mil livros).

A Biblioteca do Evando Santos está passando por grandes dificuldades. Sem dinheiro, necessita pagar água, luz e telefone.


O ministério da Cultura, o governo de Sergipe, o governo do Rio devem socorrer a Biblioteca Tobias Barreto.


Saúde e educação são excelentes nos palanques da vida, mas no dia a dia caem na vala do descaso.


TRISTE FIM DA BIBLIOTECA DO EVANDO SANTOS NO PAÍS DO CARNAVAL!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

MORTE E VIDA

Conhecer a morte? Quem nunca viu um ente querido partir de pés juntinhos, bem caladinho num pequeno ou grande caixão? E, nesse instante de dor, lágrima e sofrimento, a gente não quer pensar, mas o pensamento, animal bravio, sem rédea, chega à mente e dá uma alfinetada:
"Quando será o dia da nossa derradeira partida?" Assusta, é claro, falar em tal assunto. O tema causa temor, medo, angústia. Entretanto, ninguém foge do último dia.
Conhecer a vida? Todos os dias a aula continua... Os erros da aula da vida são exemplos que servem de orientação, de farol para o bom andamento do viver.
É tão difícil o ser humano não possuir um vício. Vício de comer, beber, de fumar e tantos e tantos outros. Os nossos vícios levam-nos à morte. Sabemos do mal que eles fazem, evitá-los e combatê-los não é tarefa fácil. Mas quando se quer a pessoa chega ao objetivo. É preciso lutar contra os vícios.
Há tantos mistérios entre a vida e a morte, entre a morte e a vida. Um coisa é bem certinha, sem incógnita: todos morrerem, sem distinção, sem discriminação entre pobres e ricos, brancos e pretos, a dona morte é senhora da igualdade. Escolhe e não oferta privilégio.
Então, enquanto houver vida, vamos viver, viver e lutar para o bem melhor, porque ficar parado e não procurar o bom caminho é abrir uma passagem para o desânimo.
A VIDA É ÂNIMO, LUTA, MOVIMENTO. NÃO LUTAR, JÁ É MORRER!

sábado, 9 de janeiro de 2010

30 ANOS DE HISTÓRIAS E SAUDADES

Colégio Agrícola Benjamin Constant - Atualmente Escola Agrotécnica de São Cristóvão-SE


Trinta anos de Histórias e Saudades - 1979 a 2009, éramos meninos do interior. Entramos no Colégio Agrícola Benjamin Constant, Quissamã-SE no ano de 1977. Na bagagem de cada um de nós a esperança, a nova vida, saída do interior para o internato.


Era difícil o sujeito não ter um apelido. O campeão em colocar alcunha era o Pedrinho Balbino, um ex-deputado estadual de Sergipe e ex-prefeito da cidade de Tomar do Geru. Entre os apelidos: Peru Donzelo, Pneu Cheio, Rita Lee, Pancho, Oveiro Baixo, Forró Pesado, Gostosa, Ator, Macarrão, Preguinho, Mira-mira, Tenente, Clodovil, Véio, Torroio, Bafo-de-onça, Bolota, Gatinha, Nego Peido, Sapo Lunar, Paturi, Pisa Macio, Pistoleiro, Pintinho, Cavalete, Malamanhado, Manteiga, Socó Boi, Todo Feio, Alface, Batatinha, Déner, Bonitão, Neguinho, Estaca, Águia Diapenada, Troglodita, Frosco.


Muitas cidades do interior de Sergipe não possuíam o segundo grau - ensino médio. Hoje, é rara a cidade que não o possui. Embora a qualidade de ensino está precisando de remédio, de cura.


O idealizador de reunir a turma foi Pedrinho Balbino. E estamos reunidos na Pousada do Padre no povoado Porto do Mato, em Estância-SE.


Os meninos de outrora atualmente são homens de cabelos brancos: pais, avós, frutos amadurecidos.


E todos se tornam meninos em recordar os tempos que não voltam mais: dos colegas, professores, funcionários, do cabaré Pisa-no-Freio, da noite da caganeira, de fugir para Aracaju, da Cascatinha, da Iara, do Cacique Chá, dos furtos de merenda, sem condenação, já houve a extinção da pena, o riso e a recordação foram lembranças salutares.


Imagine: O macarrão , um pé torto da vida, agora é pastor. Deus sempre fazendo milagres!




"A vida é uma roda-gigante," o encontro da turma do colégio agrícola prova que a roda não quebrou.


Na vida, a qualquer momento pode haver o encontro.
Tristeza maior é quando o encontrar já não é mais possível.


sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A UM COMPANHEIRO

A CIDADE DE BUENOS AIRES - CAPITAL DA ARGENTINA


A traição, a decepção, a ingratidão fazem parte da rotina do dia a dia. Em um barzinho de Buenos Aires, meu amigo Simão pediu um poema A UM COMPANHEIRO e assim eu escrevi no frio de setembro do ano passado:




A VIDA, COMPANHEIRO,
É UM SOBE-E-DESCE!
CHEGASTE AO PODER
A CADA NOVO SOL
NÃO PERCEBES?
ESCORREGAS NA DESCIDA.
SEM DÓ!
DE QUEM AJUDOU A SUBIR
OLVIDASTE.
MALDITA INGRATIDÃO!
APLAUSOS, APLAUSOS, APLAUSOS
AQUELE QUE LABUTOU TUA DESGRAÇA
DESTE UMA ESTÁTUA NA PRAÇA!
COMPANHEIRO, TUDO É FUGAZ!
ROMA, MAIOR IMPÉRIO!
É UM CANTO DE QUEDA
AI, AI, AI, AI...
VÊ O CÃO PERDIGUEIRO
ESTÁ ALI AO LADO DO DONO,
UM MENDIGO DE RUA,
SEM DECEPÇÃO!
SEM ABANDONO!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

ESTRIAS E CELULITE DA MULHER

Pintura de William Adolphe Bouguereau - francês. Nasceu em 1825 e morreu em 1905.

Gabriel, quando jovem, fora atleta. Estava coroa, passava dos quarenta anos. Aquela barriguinha de cerveja, de descuido estava bem acentuada. Dolores, sua mulher, sempre vaidosa. Sempre presente no salão Beleza Pura. As más línguas diziam que o salão deveria se chamar FOFOCA SEM FRESCURA.

Dolores era uma mulher bonita. Mãe de dois filhos: João Gabriel e Vitória. Apesar de ter amamentado os dois meninos, os seios de Dolores não caíram. E dizia orgulhosamente no salão:

_ Filho não derruba peito.

Sílvia, de peitos caídos, não dizia nada. Fica irritada e com inveja.

Nas brigas de Gabriel e Dolores, ela o chamava de barriga de sapo.

Ele até ria. Sílvia se irritava. Era o que ele queria.

Gabriel, apesar do riso, não gostava do xingamento da mulher. A verdade machuca, não deve ser dita. Barrigudo estava, mas ninguém gosta de ouvir o seu defeito. Os feitos fazem bem, mas as irregularidades causam transtorno.

O diabinho fica querendo ver a casa pegar fogo. Antes de ir trabalhar, ficou vendo um programa de televisão de Ana Braga que falava de Estrias e Celulite da Mulher.

Pensou: "Ela vai me pagar a dívida da ladainha de barriga de sapo, barriga de aluguel, barriga de gravidez."

Mais uma briga do casal. E lá vinha Dolores:

- Seu barriga de sapo, barriga de merda

- Mulher, não acha que você já está esculhambando demais?

- Que demais! Barriga de sapo, barriga de merda.

- Dolores, eu nunca lhe disse que você é cheia de estrias e celulite.

A mulher caiu em pranto, se trancou no quarto e chorou muito.

Depois daquele dia, Gabriel nunca mais ouviu: "Barriga de Sapo."

E no dia a dia de Dolores, sempre vinha a maldita lembrança:

"Dolores, eu nunca lhe disse que você é cheia de estrias e celulite."

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

MORTE NO ANO NOVO


Já são mais de 41 pessoas mortas na tragédia de Ilha Grande e Angla dos Reis. Em 2002, foram 39 mortes.

O ano novo tem o canto de alegria, todavia, há um canto de dor, de tristeza, de angústia, de morte.

Eu me era menino no interior. Lá na terra em que nasci, Simão Dias-SE. Na rua de Feira, feirinha do Natal. O parque, crianças brincavam nas ondas de Raimundo do Picolé, no Carrocel de Messias de Serra. Pisca-pisca, bolas azuis, vermelhas.

Uma multidão estava presente na Av. Coronel Loyola, conhecida como rua da Feira. Homens jogavam pios, dados. A sorte estava lançada. O dinheiro é bom, bom demais, mas causa dor, morte.

Acrísio de Major jogava com Mário de Iêda. De repente, confusão, tiros.

Mário assassina Acrísio. Vi Acrísio antes de morrer. Assistir à morte de Mário na esquina de Seu Inocêncio Nascimento. Quem matou? O homem continua em silêncio, igual a criança. Não vale a pena.

Direi que foi um corre-corre geral, mulheres gritavam, homens caíam, mas o dano maior, foram as duas mortes.

Eu com a minha roupinha branca não pode festejar a entrada do ano novo.

Fui ver a saída dos dois caixões.

O silêncio do menino foi mantido. Menino não pode comentar coisas ruins de gente grande. Menino é alegria, festa.

Todos os dias, vejo a dor, o sofrimento das testemunhas na rotina de Defensor Público.


Ninguém pode testemunhar a minha dor na entrada do ano novo na praia de Atalaia, fogos subiam ao céu, cumprimentos de homens e mulheres desejando um FELIZ ANO NOVO e vinha a triste lembrança das mortes em Simão Dias-SE.


Todos os anos, os familiares de Ilha Grande e Angla dos Reis vão sentir na pele as tristes recordações da tragédia.

Na alma, a saudade, a lembrança de mãe, um filho, um pai, de um amor e a dor maior do evaporar de um sorriso de uma criança.


sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A BELEZA DA BARRAGEM DE LAGARTO-SE


Não conheço pessoalmente o sr. Floriano Fonseca, mas sei que é filho do escritor, que bem escreveu a História de Lagarto-SE, o saudoso Adalberto Fonseca. O livro do homem nascido em Campo do Brito, já o li, por mais de uma vez. Um bom presente de meu amigo Emerson Carvalho, que alma humana! Gostei da frase do sr. Floriano:


"ÀS VEZES A BELEZA ESTÁ TÃO PRÓXIMA DA GENTE E NÃO NOTAMOS." Diz ao se referir à Barragem Dionísio Machado.


O sr. Floriano disse isso dotado de razão, senão vejamos:


Quantas e quantas vezes já viajamos a Aracaju, Salvador na Barra e Rio de Janeiro em Copacabana para contemplar o PÔR-DO-SOL e, lamentavelmente, olvidamos de admirar o que é nosso, de beleza e encatamento que é o Pôr-do-sol na barragem Dionísio Machado, ela fica tão pertinho da cidade. Como diz o meu amigo Zé:


"UM SARTO" Vale a intenção, vem lá você com esta besteira de dizer que a palavra certa é SALTO, a linguagem é uma criação do povo, filólogo não cria, copia.


Falar em dicionário, a gente logo lembra de Aurélio Buarque, mas houve um tempo que o nome em destaque era Laudelino Freire. Ele nasceu em Lagarto e foi presidente da Academia de Letras do Brasil em 1935.

A UM AMIGO FUMANTE


Todos nós temos um vício. O vício da gula, de beber, de fumar. Raro é alguém não possuir um vício, até os arrumadinhos, gravatinhas não fogem da regra. O ser humano perfeito nasceu defunto.

A um amigo fumante, escrevemos estes versos:

Amigo fumante
O cigarro é teu companheiro
Vê lá tanta fumaça
Repleto está o cinzeiro
Cinzas e mais cinzas
O não fumante dirá:
"Cigarro é coisa sem graça."
Nós todos temos um vício
Fumar dá câncer
Fumar mata
Fumar cansa
As palavras são fartas
De conselho a vida está repleta
O poeta Noel Rosa
Apaixonou-se por Ceci
Dama do cabaré
O feio Noel
De cerveja e mulher
Será que no céu
Há algum vício?
Imagine: todos certinhos,
Bem arrumadinhos
Todos de branco
Pisando sem tamanco
É boa a vida de santo?
Lá no paraíso
Não é lugar pra gente humana
Há lotação no inferno
O eterno nada faz à toa
A fumaça voa
Ela é a vida
Quem nesta vida
Não possui um vício
Ó minha querida
Deixa disso
Meu companheiro fumante
Fume até morrer
Viver é vício
A morte é certinha
Deitadinho no caixão
Pés juntinhos
Um choro aqui
Outro choro acolá
Há gente que não chora não
Se tu fumas
Não fumo
Tenho meu vício
Dele consumo
Amar aquela mulher
Que não me ama não
A vida é contraste
Cedo parte
Quem não deveria
Difícil é a resposta do criador
Amigo, mantenha o teu vício
Se queres deixar, parabéns!
A gente sempre tem
Um defeito
O mais-que-perfeito
Não nasceu
Não conheceu a luz
Adormeceu para sempre no breu.