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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

APRENDA A CHAMAR A POLÍCIA

LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO


Estudei no Colégio Carvalho Neto em Simão Dias-SE, lá tinha uma boa Biblioteca, adorava ler os livros do gaúcho Érico Veríssimo, entre eles, OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO, ANA TERRA, INCIDENTE EM ANTARES. Érico Veríssimo nasceu na cidade de Cruz Alta no Rio Grande do Sul. O escritor faleceu, mas deixou uma semente, um filho de nome LUIZ FERNANDO VÉRÍSSIMO , jornalista, escritor, nascido em Porto Alegre no dia 26 de setembro de 1936.
O cabra é bom! O texto é enxuto e bem humorado.
Vejamos:


"APRENDA A CHAMAR A POLÍCIA!...Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa.Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali,espiando tranqüilamente.Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço. Perguntaram- me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível.Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma:

-Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara!Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo.Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado.Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia.No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:-Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.Eu respondi:
- Pensei que tivesse dito que não havia nenhuma viatura disponível. " (Luiz Fernando Veríssimo)