Menino faz coisa que a gente cresce, dá arrependimento, dá saudade, pagando com a mesma moeda. Meu pai tinha uma malhada, pequeno sítio, nos arredores da cidade de Simão Dias. O rio caiçá passava por dentro do terreno.
Nas margens do rio, existiam cajueiros, coqueiros, modas de cana-de-açúcar, fruta do conde, bananeiras, abacateiros, mangueiras, goiabeiras, tendo tudo isso, o menino ainda, saltava os muros dos quintais, as cercas de outros sítios, para cometer pequenos delitos, furtar frutas e frutos. Se meu pai soubesse, o relho cru sambava no lombo e o grito ecoava para acordar outros meninos.
O segredo mantive diante de meu pai. Morreu sem saber das pequenas peripécias. Do outro mundo, provavelmente está dizendo:
- Cabra safado, sem vergonha.
Comprei um sítio com fruteiras e os meninos dominavam e quase não deixavam um fruto, sequer, para o seu dono. Nunca dei carreira em menino.
Outro dia, um sujeito matou uma criança, lá na cidade de Nossa Senhora do Socorro, quando o menino tirava uma manga. O menino estava com fome e a bolsa família estava em atraso.
Pobre menino! O matador continua arrotando poder.
Lembrando do velho Antônio Borges:
"FIO DO CABRUNCO."
Na vida, a gente paga com a mesma moeda, paguei e lembrei do tempo de criança, que pena! Não volta mais...