Todos às vezes que o boi via o fazendeiro, o coração do animal acelerava. Desde de bezerro que o animal sofria os maus-tratos. Agora, o boi já era adulto, mais de 25 arrobas. Tinha o pêlo negro. Na fazenda, quando o bicho avistava o seu dono, era um corre-corre, queria pegá-lo.
O vaqueiro Valdemar dizia:
- Patrão, vosmecê deve vender este animal, qualquer dia, o bicho lhe dá uma pontada
Argemiro respondia:
- Que nada, Valdemar, deixe este cão raivoso aí, gosto de ver ele brabo, me dá prazer.
Valdemar insisitia:
- Patrão, bicho é como a gente gosta de carinho e de ser tratado bem. Assim como a gente na alma do animal fica a tristeza, o sentimento. A gente tem que respeitar os animais.
- Valdemar, você é besta, onde já se viu animal com sentimento.
- Patrão, tem. O senhor pensa que todo animal é como o cachorro que a gente bate e depois vem de rabo balançando, se aproxima, perdoando.
- Você tem cada conversa doida.
- O tempo dirá, patrão.
Era domingo, Valdemar ainda ordenava uma vaquinha. O boi de pêlo negro se encontrava no curral. O bicho, como sempre, manso com o vaqueiro e bravo com o patrão.
O animal, quando percebeu a presença de Argemiro, começou a cavar o chão.
Argemiro pegou um ferrão, para se proteger do animal. Quando foi abrir a cancela, Valdemar gritou:
- Patrão, pelo amor de Deus! Não entre. Este boi pode lhe matar!
- Ser morto por um boi, onde já se viu?
De repente, Argemiro entrou no curral. O boi partiu em cima de seu dono, não respeitou o ferrão. O animal jogou o patrão no ar. O sangue jorrou pela barriga.
O fazendeiro gritou suas últimas palavras:
Ai, ai, ai, meu Deus! Bem que eu fui avisado!