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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

MALDITO CIGARRO


Ninguém foge das lembranças da cidade em que nasceu. Adentrando na infância: Na rua Joviniano de Carvalho (Calçadão) em Simão Dias-SE havia dois bares: o de meu pai, que era vizinho ao Jornal a SEMANA cujo dono era seu Zeca Déda, avó do governador de Sergipe, Marcelo Déda, o outro do ex-deputado, ex-prefeito Abel Jacó dos Santos, alfaiate, comerciante e funcionário público. A grande feira era no dia de sábado. Sei que foi no dia de sábado, o dia não me lembro, pouco importa. O bar de meu pai estava repleto da gente dos povoados: Mato Verde, Brinquinho, Feirinha da Rola, Curral dos Bois e de gente da cidade. Menino faz cada coisa... Carreguei um cigarro Continental do bar, ninguém viu o pequeno menino carregando o transmissor de doença nos pulmões. Acendi o cigarro. Coloquei-o na boca. Joguei a fumaça no ar. Fiquei escondido no banheiro. O menino esqueceu de fechar a porta com chave. E, de repente, quem chegou, foi ele mesmo: meu pai. É preciso pagar pelo crime. O velho jogava duro, soube, naquele instante, o que era comer um cigarro. Não aconselho a ninguém, tal alimento.

Depois, daquele dia, criei pavor ao cigarro.

Há fumantes intragáveis, que jogam a fumaça na nossa cara e grita: "Não tou nem aí..." Imagine se a gente jogasse nele xixi para compensar. Talvez, ele não ia gostar.

Para finalizar , um poema do meu livro CORPO E ALMA, pág. 64, 2a. edição - esgotada:


CIGARRO

O CIGARRO ESCARRA NA NOSSA CARA.
A FUMAÇA ADENTRA NAS NARINAS.
O AMBIENTE CHEIRA A LATRINA.
O AR É DE TODOS NÓS,
DIZEM POR AÍ...
MAS PARECE MAIS DONO -
O NOBRE SENHOR POLUIÇÃO.
CONVIVER É DO HUMANO,
É PRECISO TOLERAR...
UM HOMEM, SEMBLANTE DE SONO, GRITA:
- GARÇON, ME DÁ OU DÁ-ME UMA CACHAÇA,
PARA EU JOGAR NA BOCA DE QUEM ESCARRA!
O GARÇON:
- SENHOR, UMA PINGA COM ME DÁ OU DÁ-ME?
- RAPAZ, NÃO COMPLICA,
BASTA A LÍNGUA PORTUGUESA!
O QUE IMPORTA É RECEBER.