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terça-feira, 2 de março de 2010

PAGUE ANTES DE CHORAR

Já assisti por várias vezes o meu amigo Luciano, músico, trompetista, capa-bode, tocando em funeral. A última vez, foi no mês de agosto, em Simão Dias-SE, funeral do ex-governador de Sergipe, Sebastião Celso de Carvalho. O governador Marcelo Déda Chagas fez um belo discurso, se defunto ressuscitasse até que aplaudiria, assim falou Zefinha da Mata do Peru. Mas ser Lázaro não é privilégio para todos.

O enterro com o tocador é bem interessante. Dizem que na Bahia , quando o defunto era de importância vários sinos repicavam nas Igrejas em Salvador. Em Simão Dias, terra dos capa-bodes , por tradição os sinos não dobram, mas convidar Luciano para tocar , já faz parte do dia a dia.

Eu pensei que Luciano ganhava bem ao tocar em funeral, afinal ele é músico e vive de cachê. Até a presente data, ninguém nunca perguntou quanto foi o trabalho profissional. Mas Luciano, que é espirituoso, falou: "Mortos e vivos estão perdoados. "

Luciano nunca nega tocar em funeral. Ocorre que outro dia , ele se negou a tocar para o defunto flamenguista, José Adilson, de alcunha Bitelo. Descobri a razão, Luciano é vascaíno do pé roxo, fanático.

Luciano disse: "Que agiu assim, naquele tempo, mas agora toca para flamenguista, tricolor, corinthiano, umbadista, espírita, evangélico, católico romano ou da Igreja brasileira. Sem discriminação. Sou profissional."

Uma coisa ele pede: "Por favor, não mande cobrar ao defunto."

Isto me faz lembrar um bêbado que foi fazer cobrança no funeral, a mulher do morto disse:

- Que falta de vergonha cobrar dívida no funeral.

O bêbado:

- Pague o que ele deve e depois pode chorar.