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quarta-feira, 17 de março de 2010

ARACAJU E MALAQUIAS

ARACAJU - PONTE DE ACESSO À CIDADE DA BARRA DOS COQUEIROS

Quando Malaquias tinha 15 anos, se rumou para a capital de Sergipe, Aracaju. Naquela manhã, de quarta-feira vinha a marinete repleta e, por mais que fosse o aperto, o Seu Didi, cobrador do ônibus da empresa Nossa Senhora de Fátima, sempre dava um jeitinho, para colocar mais um passageiro na marinete. E dizia Seu Didi:

- Pessoal, com jeitinho sempre cabe mais um e a gente chega em paz, graça a Nossa Senhora Santana.

Apesar das janelas abertas da marinete, era um calor infernal.

De repente, um grito de um homem, o motorista fora obrigado a parar o ônibus.

Uma mulher exclamava:

- Este filho do cabrunco quebrando coco em mim. Vai encostar a coisa dura na puta que o pariu.

Deu um branco na cara do homem negro.

As mulheres faziam coral:

- Bota o sem-vergonha pra fora.

O homem, aparentado 30 anos, fora obrigado a sair no meio do caminho, na cidade de Salgado-SE. E Malaquias refletia: "Que discriminação!"

Malaquias achou uma injustiça colocar o homem para o olho-da-rua. Afinal, não havia como evitar, não tocar as coisas debaixo. A cena poderia ter ocorrido com Malaquias, por sorte, conseguiu um lugar sentado. Malaquias tinha uma tesão danada. Se o banheiro do Colégio Carvalho Neto falasse, ele estaria condenado. As manchas amareladas na parede denunciavam o desejo de Malaquias por Sílvia, sua coleguinha de 16 anos. Sílvia de cabelos longos, de seios grandes, de pernas grossas, virgem. Sonhava em ser o primeiro. Malaquias ainda era donzelo.

A marinete chegou em Aracaju com duas horas de atraso, o peste do ônibus furou logo dois pneus.

Lá estava seu tio Antônio, esperando Malaquias.

Malaquias veio a Aracaju para estudar no Colégio Ateneu Sergipense.

A prima Judite, bandida, descarada, safada, sempre andando de calcinha na casa do tio. Que falta de respeito, para que tanta provocação a um menino do interior, que não conheceu o cabaré Bico-da-Asa de Simão Dias. Malaquias descarregava sua energia no banheiro.

Malaquias tinha um sonho maior: deixar de ser donzelo.

O dia chegou foi numa sexta-feira. Conheceu na rua da frente Paula, uma putinha de 18 anos. Loira, de olhos azuis, da cidade de Porto da Folha.

Fez a primeira vez ali na rua da Frente, ao lado da Ponte do Imperador. Deitar que nada, foi em pé mesmo.

Cinco dias depois, coitado de Malaquias, um fedor vinha de seu canal mijador, um pus escorria, pegou uma gonorréia.

E agora, Malaquias?

Malaquias tinha medo de contar a seu tio. Poderia ser enviado ao interior, coisa que ele não queria.

Contou a seu colega Marcos e este conseguiu uma consulta de graça com Dr. William, capitão do Exército. O médico passou alguns remédios de graça. E marcou uma massagem para a próxima semana.

Malaquias olhou o dedo do médico, suou frio.

Disse um tá certo, timidamente.

Mas não voltou no dia do dedo na respiração traseira.

E disse a Marcos:

- Nenhum fio do cabrunco mete o dedo no meu ...

Hoje, dia 17 de março, Aracaju completa 155 anos , Malaquias não mais voltou ao interior. Pai de cinco filhos. O mais novo de 14 anos, André, pergunta a dona Dorotéia:

- Mãe, comprou minhas camisinhas?