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sexta-feira, 26 de março de 2010

ADEUS , PAIXÃO


Os nossos vícios são difíceis de exterminá-los. O grande escritor brasileiro Lima Barreto até que tentou deixar o vício da cachaça, era um ébrio. Entretanto, não conseguiu. Anacleto é drogado, já fez de tudo para abandonar as drogas. Émile Coué, autor do DOMÍNIO DE SI MESMO PELA AUTO-SUGESTÃO disse que a cura acontece pela força de Imaginação e não pela força de vontade.

Quando eu tinha 15 anos, fui aluno do professor Udilson Soares no Colégio Carvalho Neto na cidade de Simão Dias e o poema de Vicente de Carvalho decorei. Por mais que eu lutasse por não ser apaixonado pela minha coleguinha de escola, não conseguia. Sonhava beijando-a, abraçando-a, fazendo amor.

Ela nem aí para mim. Era ela apaixonada pelo colega que dela fazia desdém. Ele realizava minha vingança e também eu o invejava por ela amá-lo.

Vi-a outro dia, envelheceu, de pétalas caídas, cabelos prateados, o olhar perdeu o brilho. Em que espelho se escondeu a minha amada de outrora?

O poema que bom efeito fez naquele tempo, prescreveu para mim diante da minha querida coleguinha, mas no dia-a-dia está bem atualizado. Somos sempre levados por determinadas correntezas, irresistíveis: quer no amor, quer na paixão, no jogo e em determinados vícios.


O poema A FONTE E A FLOR de Vicente de Carvalho, do parnasiano brasileiro, é um exemplo da luta irresistível, vejamos:


A FONTE E A FLOR

“Deixa-me, fonte!” Dizia
A flor, tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.

“Deixa-me, deixa-me, fonte!”
Dizia a flor a chorar:
“Eu fui nascida no monte…
“Não me leves para o mar”.

E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.

“Ai, balanços do meu galho,
“Balanços do berço meu;
“Ai, claras gotas de orvalho
“Caídas do azul do céu!…

Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria
Rolava levando a flor.

“Adeus, sombra das ramadas,
“Cantigas do rouxinol;
“Ai, festa das madrugadas,
“Doçuras do pôr- do- sol;

“Carícia das brisas leves
“Que abrem rasgões de luar…
“Fonte, fonte, não me leves,
“Não me leves para o mar!…”

As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor…