Visitante nº

sábado, 19 de janeiro de 2013

DEFUNTO DA ALEGRIA

O seu nome verdadeiro   era José da Paz, mas tinha alcunha de Guerra. Nos primeiros raios de sol de 2013, ele  morreu.
 
O defunto, quando respirava alento, era o rei da fofoca. Adorava fazer uma calúnia.
 
Lucivânia, costureira, foi vítima do Guerra. O sujeito a cantou, mas não obteve sucesso. Ele lançou o veneno na pobre moça, disse a seu marido que a fiel esposa estava traindo. O cabra acreditou e houve o divórcio.
Na morte de Guerra, ela foi ao funeral. Não por solidariedade cristã. Foi conferir se o infeliz estava morto mesmo. Viu o caixão,  o caluniador estava pálido, de pés juntos. Para si mesmo gritou:
 
"Toma infeliz, seu lugar é no inferno!"
 
Na Igreja, na recomendação do corpo, o padre João:
 
- Que Deus tenha no céu!
Lucivânia não se conteve:
- Que Deus tenha no céu, que é isso, padre, que Santanás o conserve por lá!
Foi um confusão no templo. A filha de Guerra, uma sapatona convicta e declarada ainda quis dar uma sova em Lucivânia. Todavia, a turma do deixa disso não permitiu.
Lucivânia acompanhou o cortejo de longe. Só ficou satisfeita, quando viu o coveiro Jeremias completar  seu trabalho, lançando os últimos pedaços de terra.
No cortejo, ia o garçon Lucival. Que fora acusado de irresponsável e ébrio, quase perdeu o seu  emprego. Este queria ver o fim do Guerra. Ainda chegou até a viúva e disse-lhe:
- Dona Anita, aceite os meus pêsames!
A viúva gritou:
- Um Deus lhe abençoe!
O Guerra trazia na alma e no coração, o espírito do mal. Não se sabe como passou no Exame da OAB. Era advogado de poucas causas.  Diziam as más línguas, que suas peças quem as  fazia era o colega Sebastião Café. O causídico tinha  boa caligrafia e duma redação intocável. Verdadeiramente as pessoas se enganavam  com o doutor Sebastião. Apresentava no dia a dia, gentil e educado, mas em sua casa, a mulher apanhava. Sabia bem disfarçar o doutor, quando no cumprimento ao povo.

Não se sabe ao certo, se Satanás lá no inferno aceitou o Guerra!  Caso tenha acolhido, o sujeito já deve estar  criando problema.

O funeral de Guerra foi de pouca gente, alguns familiares e amigos contados na palma da mão.

No dia a dia, quando alguém diz que o Guerra morreu, há sempre o sorriso estampado.
Em homenagem ao Guerra, o carnavalesco Eusébio  já está pensando em criar o bloco DEFUNTO DA ALEGRIA!