Visitante nº

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

SENTENÇA DO JARDINEIRO













A Marcos Bandeira







Meu caro juiz,
O mundo da Lei
Deixou o homem infeliz
Maldita sentença
O homem em sua presença
Não pode provar a inocência
E vai à triste masmorra
Ele não matou
Há um álibe
Ele é jardineiro
No momento da tragédia
Ele colhia uma flor
Para doar a filha deficiente
O nome dele é José Vicente
E não foi observado
Que JOSÉ DE VICENTE
É o seu cunhado
José Vicente
Na boca possui dois dentes
Um podre , outro brocado
José de Vicente
É banguelo
Sujeito desdentado
José Vicente
É manco da perna direita
José de Vicente
É manco da perna esquerda
José Vicente
Não sabe usar a caneta
Analfabeto de pai
Analfeto de mãe
José de Vicente
O nome sabe fazer
Bem rabiscado
A sentença já foi proferida
José Vicente
É um sujeito suicida
Dele pode aguardar a morte
Porque há homens que nasceram sem sorte
Sempre são confundidos
Pobre José Vicente
Vítima transformado em bandido
Se gritar a consciência de Vossa Excelência
Chamem os dois para acareação
São homens sem réis , nem tostão
Verá que José de Vicente
Vai dizer que foi ele quem matou
E não o jardineiro que colhia uma flor.