Visitante nº

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A JEGA DE MANEZINHO

Quando a jega de Manezinho morreu lá numa cidade do interior do Nordeste brasileiro, Manezinho foi ao padre:
- Padre, eu amava ela. Ela foi minha companheira por mais de 15 anos. Estivemos sempre juntos no roçado. Ela me levava a todos os cantos. Logo de manhã, eu trepava nela e ia buscar água na fonte.
O padre:
- Que falta de respeito, Manezinho, que imoralidade dentro da Igreja, você falar trepar!
- Padre, o senhor tá pensando outra coisa. Pensa outra coisa é coisa de quem não conhece as coisas.
- O senhor já trepou numa jega?
- Manezinho , me respeite!
- Padre, lá onde eu moro, trepar é montar no animal para ir à roça.
- Ai sim, Manezinho, tá bem!
O padre ainda:
- O que lhe trouxe aqui?
- Padre, na vida eu só tinha minha jega e as 20 tarefas de terra. Eu queria que a minha jega fosse enterrada no cemitério onde foi enterrada a finada Zefa, preciso de sua autorização?
- Manezinho, você está doido! Enterrar sua jega no cemitério! Não autorizo de jeito nenhum : você enterrar o animal no cemitério São João Batista.
- Tá certo , padre. Vou enterrar o animal nas 20 tarefas que eu ia deixar para a Igreja. Como o senhor está me negando o sepultamento, posso mudar de idéia!
- Manezinho, tudo tem um jeito, só não há remédio para morte. Enterre seu animal na cova da finada. Mas não diga a ninguém que eu autorizei.
E a jega de Manezinho foi enterrada no cemitério dos animais racionais.