Visitante nº

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

VIVER SAUDADE

Com cinco anos de idade, eu me era o menino rueiro, mas não um menino de rua, a cidade de Simão Dias o trânsito era calmo, algumas pessoas possuíam carros, Zé Valadares tinha uma rural, Dr. Salustino um Jipe, o senador Valadares um fusca, os filhos de seu Dorinha, o maior fazendeiro de Sergipe, quase todos tinham carros. De vez em quando, aparecia um caminhão na cidade, e os meninos pegavam uma punga. Seu Juca, pai do procurador de Justiça - Dr. Luiz Valter -  possuía um velho caminhão, que transportava passageiros para o sertão da Bahia. Gildo de Gumercindo sempre em seus carros elegantes, que nós meninos não sabíamos dizer o nome, carro é carro.
A vida mudou na cidade do interior. Quando vou a minha terra natal, ficou na casa de minha mãe, na rua de Santana, carro pra lá e pra cá, motos é um zum-zum.
Quase todo mundo tem um carrinho, outros, uma moto.
As peladas de futebol na rua Joviniano de Carvalho, já não podem acontecer, agora é um calçadão. As brincadeiras de cipó queimado foram trocadas pelos jogos eletrônicos.
Time de botão, os de micas de relógio já não existem.
Bate um saudade do grupo Escolar Fausto Cardoso, que os meninos diziam na rima da esculhambação: "
 
"GRUPO FAUSTO CARDOSO ENTRA GENTE SAI CACHORRO." Rima sem nenhum sentido, lá estudaram o governo de Sergipe, Marcelo Déda, o senador Valadares, o ex-prefeito José Valadares, o poeta e professor Udilson Soares, o secretário de educação, Belivaldo Chagas.
Às 10 horas da manhã, era o recreio do grupo, brincávamos de agarrar as meninas e beijar. Já não se brinca de beijo e abraço, o motel é a praça da juventude.
Minhas amadas professoras do Grupo, Valdice Teixeira, dona Norma, Sérgia e dona Aliete. Dona Norma, professora de rigor, aluno que chegasse atrasado , não mais entrava na sala de aula. Dona Norma era comadre de meu pai, a mim a cobrança era maior. Não fui ao sepultamento de minha professora, soube depois, mas tenho certeza que dona Eliza Montalvão não perdeu o cortejo, ninguém ganhava dela, pois enterro era com ela mesmo. Dona Eliza faleceu com mais de 90 anos.
 
O bom  é que a vida é transformação. Viver saudade também é viver.