Visitante nº

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

CORNO DE MULHER

E agora, José! Casou com Maria da Assunção. Bem que Chico lhe avisou:
- Cuidado! Mulher com cara de santa, esconde o perfil da puta.
Todos os domingos Maria da Assunção estava presente na Igreja Nossa Senhora do Amparo.
Amizade demais é coisa que não dá certo...
Dona Judite, sua mãe, José, lhe alertava:
- Homem de Deus, sua mulher tem uma amizade exagerada com a cabeleireira Dulcinha.
- Mãe, é coisa de mulher. Uma mulher tem que ter outra pra desabafar.
Maria da Assunção casou-se virgem. Seu primeiro homem foi José. Primeiro e último.
Desde criança Maria nunca teve simpatia por meninos. Achavam violentos e indelicados. Admirava e gostava de brincar com as amiguinhas. Nada de boneca, mas no faz-de-conta de marido e mulher.
Maria de Assunção fora uma menina reservada.

Em verdade, o casamento foi realizado a contragosto de Maria Assunção, o pai queria, porque queria que sua única filha casasse com o filho do fazendeiro Sérgio Alencar.
No dia do casamento, Seu Severino, pai de Maria; dona Odete, mãe da noiva , estavam bem felizes, Maria estava de alma triste , mas estampava no semblante alegria.
O primeiro dia íntimo de Maria foi um estupro. Ela não queria no dia do casamento fazer amor, transar na linguagem masculina.
Dois anos de casada, sufoco e agonia.
O que Maria não podia imaginar que naquela tarde de domingo, José retornava às quatro horas da fazenda. Costume era sempre às 18 horas.

Que dor! Que aflição, José, assistir sua amada entre beijos e abraços com outra mulher. Dói muito. Na agonia, nem observou o corpo bonito da cabeleireira. O desejo era matar as duas. Foi para a reflexão, não valia a pena. Matava ia para penitenciária, perdia muitos anos na cadeia.
José e Maria divorciaram. José manteve o segredo, jamais ia dizer que perdeu sua mulher pra outra mulher. Tinha medo de contar o que ocorrera. Afinal, poderia ouvir de Zequinha:
- Corno de homem ainda vai, mas chifrado por uma mulher é de se matar.