Olha, seu moço, já brinquei carnaval em Recife, já brinquei carnaval em Salvador. Já brinquei em Sergipe: Tobias Barreto , Neópolis e Simão Dias.
Lá em Simão Dias, a orquestra era os tremendões . Saía pelas ruas da cidade e tocava no clube Cayçara Clube. E lá aos quinze anos, eu brincava o frevo pernambucano, o axé dos baianos veio depois.
Na região Sul do pequeno Estado de Sergipe, o carnaval famoso mesmo era o de Tobias Barreto.
Triste carnaval foi aquele que eu e Dina fomos brincar em Tobias Barreto. Meu carro quebrou em Tanque Novo e ficamos vendo a lua e as estrelas na estrada.
Lá na Bahia, carnaval de Porto Seguro, ao descer do ônibus, torci o pé. Enquanto a turma da excursão se divertia, eu ficava na pousada, deitado numa cama , esperando o carnaval passar.
Em Salvador, relógio de São Pedro, naquele tempo, Moraes Moreira era o sucesso do carnaval baiano, e vinha ele a cantar: "Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu." Entrei no embalo, um baiano abençoado pela macumba deu-me uma rasteira e mais uma vez, passei o carnaval arrastando a perna.
E, agora, já é carnaval, estou com quatro pontos na perna esquerda, fui cortar uns galhos duma árvore, o facão escapuliu e um corte profundo.
Diante da televisão, estou assistindo o Galo da Madrugada lá no Recife. Pernambuco , que saudade! Brinquei em Olinda, ouvindo o cantar de Alceu Valença e na voz de Claudionor Germano, música de Capiba. Na terra de Lampião, o azar não veio, ainda bem. Também era querer demais, boca de agouro.
O axé da Bahia é bom, mas sou da velha guarda do frevo.
E VIVA O CARNAVAL PERNAMBUCANO, O CARNAVAL MAIS ECLÉTICO DO BRASIL.