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sexta-feira, 17 de maio de 2013

MEU ANJO DE LUZ

MEU ANJO DE LUZ
Capítulo B

Se o sol surgisse pelas manhãs ou se a chuva batesse no telhado, os passarinhos sempre estavam na minha janela, cantando suas canções do dia a dia da natureza. Havia beija-flor, bem-te-vi, galo de campina, canarinho amarelo, jesus-meu-deus e meu amiguinho, um pássaro preto. Os pardais eram em grande quantidade, dentro de um carrinho de presentes não caberiam todos. Piavam muito. 0 canto não se ouvia. A cada novo sol nascer, surgiam novos pardais. Não sabia o porquê de tal multiplicação.
Papai sempre levava o meu pedido, para não esquecer, anotava em uma folha de papel e escrevia com sua caneta da cor de ouro.
E quando chegava, à tarde ou à noite, dizia:
- Vitória, trouxe a comidinha de seus amiguinhos.
Dava-lhe um beijo em seu rosto cor de neve.
Ele sorria e falava:
- Te amo , minha princesinha.

Antes de dormir, deixava os grãos de milho na lateral da janela e pela manhã, a bela orquestra vinha, voava , comia e cantava.
De vez em quando, de mansinho, eu abria a janela. Assustavam a todos bichinhos. Somente um ficava, o meu príncipe negro, o pássaro preto. De início, não foi tão assim, ele levantava voo. E a gente se acostuma com quem a gente quer bem. Durante o dia, a boa lembrança vinha e se papai do céu pudesse antecipar as manhãs, desejava que as tardes e as noites fossem manhãs, para estar bem perto de meu amiguinho.
Ele me olhava como se fosse gente contemplando as estrelas do céu. Parecia que o pequeno pássaro já foi gente.
As manhãs ficaram triste. Meu pequeno amiguinho desapareceu. Não sei qual foi seu destino. Talvez, um menino o prendeu para ouvir o seu canto ou um caçador o matou ou morrer de morte morrida. Pedi a papa que o localizasse, papa determinou as homens de terno que procurasse o pequeno passarinho. Procura foi sem resultado de sorriso. Eles não encontraram meu amiguinho.
BÁ disse-me em sonho:
- Que o passarinho já tinha chegado o seu tempo de viver no campo e que estava vivendo no céu.
Falou ainda:
- Que os passarinhos e as crianças são anjos de Deus na terra.
Nunca gostei de me alimentar, vários dias fiquei sem comer. Papa me levou ao local de gente de roupa branca e uma mulher de olhos azuis colocou uma agulha dentro de meu braço. A mulher disse que tinha uma filhinha que parecia comigo.
Cinco dias depois, saí daquela sala fria e retornei à nossa casa de jardim de mulheres nuas e com meninos e meninos e meninas nuas. Papa gostava destas estátuas, a mim vinha o susto. Tinha uma que falava, se eu dissesse a papai, ele ia me levar de novo ao psicólogo. Aquele homem que só diz: "fale mais, fale mais, fale mais." Não sei falar com gente grande, gente grande é complicada. Gosto de me comunicar com meus amigos da natureza e com meu amigo secreto. Que depois eu conto.
Conheci mamãe, ela veio em sonho. Ela tinha olhos da cor do céu. Roupa alva igual a areia da praia. Uma luz circulava em sua cabeça, minha mãe, que saí de sua barriga, parecia a santa que ficava no quarto de papai, tinha o nome de Nossa Senhora do Rosário.
Ela me pediu: - Filhinha, volte a comer. Você vai me deixar feliz.
Acordei e senti fome. Na mesa grande , que gente grande chama de jantar, comi uvas e uma pequena maçã.
Papai bateu palmas. Queria que mamãe 1 e 2 estivessem presentes. Na casa cheia de quartos dormiam eu, pai e muitos e muitos empregados. De pequeno somente eu e meu amigo secreto que ficava lá no pé de goiabeira.

MEU ANJO DE LUZ

MEU ANJO DE LUZ
Capítulo A

Quando eu me nasci, minha mãe teve que fazer a última viagem, todavia, nunca mais retornou. Não amamentei nos seios de minha mamãe. A mamadeira foi minha companheira durante um ano. A babá que cuidava de mim, chamava Bá. Seu nome verdadeiro era Severina Maria da Silva Santos.
Bá tinha os cabelos prateados.
Era gorda, de belos dentes, trazia no corpo o sangue negro. Caminhava em passos lentos, sua voz era suave.
Chamava-me de Princesa. Quando eu Tinha um aninho de idade, ela adormeceu em sono profundo e não mais acordou.
Chorei muito, papai disse-me: "
Que o menino Jesus a chamou para ir morar no céu. Tive minha raivinha. Melhorei o meu choro, depois que ela apareceu no sonho e falou:" Minha princesa, não chore, foi Deus que quis assim".
Não sabia direito quem era Deus, mas dito por Bá só podia ser coisa boa.
Perdi mamãe, perdi a minha segunda madre.
Uma criança só, apesar de uma casa-grande, repleta de empregados.
Homens de ternos e gravatas eram quatro.
Com a viagem derradeira de Bá, papai botou duas babás, Alice e Simone. Duas pessoas boas. Gostava mais de Simone, achava-a meio parecida com Bá.
O sorriso era igual. Eu via em Simone como se fosse Bá, tinha momentos que eu pensava que Bá estava naquele corpo.
Papai tinha outros nomes papito, papa e padre. Este último ele não gostava que fosse chamado, depois ele pacientemente me explicou que tinha sido homem que fala aos homens em nome de Deus. Mais uma vez veio a recordação de Bá que o que vem de Deus é bom chocolate, bom doce.
Mamãe Bá adorava com o nome de mama, madre.
Lá em casa havia um grande jardim. Muitos passarinhos vinham cantar em minha janela. Sempre eu pedia ao papa que ele não esquecesse do milho dos meus pequenos amiguinhos.
Papa raramente os esquecia. E falava: " Victória, minha filhinha, trouxe o alimento de seus amiguinhos".
Antes de dormi, deixava os milhozinhos à janela.
O sol nascia em frente de meu quarto, eu me acordava com os cantores do amanhecer.
 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

NOSSAS PUTAS

A mais comentada das nossas putas foi a pequena Bisqui. Nascida na cidade de Lagarto-Se, fora guia de uma cega. Enrolava a pobre que não via a luz do mundo. Bisqui sempre fora uma pessoa alegre. O menino Pedrinho Valadares teve lá sua grande paixão, Bisqui.
O cabra, por meio do voto, tornou-se deputado Federal. Pedrinho é avô, empresário bem sucedido e bem casado. Diz que deixou a política de Sergipe. Todavia, é um grande amigo e assessor do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, forte candidato a presidente da República.
Não é impossível Pedrinho Valadares candidato a deputado Federal por Pernambuco.
As prostitutas daquele tempo, coitadas, discriminadas , chamavam de putas. O tempo é outro, elas são garotas-de-programa, fazem faculdade, mestrado, doutorado. Bom perfume francês, falam mais de uma língua. Carro importado, bom carrão.
O cabaré era uma necessidade no tempo do tabu sexual.
A vida mudou, Bisqui envelheceu. O cabaré Bico-da-asa faliu. As nossas pobres putas umas morreram, as vivas possuem filhos e netos.
Tudo tem seu tempo. A virgindade virou comércio, uma virgem está vendendo na internet a sua virgindade.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

DÍVIDAS

Dura realidade, é mais fácil esquecer a morte de um ente querido, do que olvidar do sujeito que está lhe devendo.
É raro perdoar o caloteiro, perdoai as nossas dívidas é uma orientação cristã, mas na prática quase ninguém perdoa um devedor.
No dia a dia, são poucos os que não devem. Sessenta e três por cento dos brasileiros são devedores.
  • O comércio é uma tentação , venda a perder de vista. Paga-se a primeira prestação ,  talvez a segunda e adeus a terceira.


É necessário ter cautela para comprar. A lista de devedores no   SERASA e no SPC é enorme. A pessoa renegocia a dívida, pagar são outros quinhentos.

Éramos uma família de nove filhos. O meu velho pai não era economista, mas numa pequena agenda anotava o que ganhava e fazia anotação das despesas. Ele sempre tinha o controle. Ainda bem, que no céu não existe dívida.
O inferno vive entre nós:  DÍVIDAS e DÍVIDAS.

Conte até 10 na hora da compra. Compre só o necessário, vê quanto ganha, anote as despesas.